A morte de uma senhora diante do filho de 12 anos é dolorosa. Choca. Comove. Mas é preciso dizer com firmeza: desde segunda-feira, a Polícia tem lançado apelos públicos. Claros. Objectivos. “Fiquem em casa. Afastem-se das zonas de conflito. Não se misturem com arruaceiros.”
Muitos preferiram ignorar.
Quem, em plena tensão social, decide sair para ruas onde há pneus a arder, pedras no ar, lojas a ser saqueadas e confrontos com a Polícia, sabe ao que vai. Sabe o risco que corre.
Não nos deixemos levar por narrativas simplistas. Não se pode romantizar actos de desordem.
O povo verdadeiro — o que sente na pele o custo da vida e o peso do desemprego — não destrói. Não saqueia. Não queima carros nem vandaliza escolas.
O povo quer pão, mas não pisa o pão do outro. Quer dignidade, não destruição.
E agora, surgem flyers e imagens da senhora e do filho. Multiplicam-se nos grupos e nas redes. Num esforço claro de reescrever a história e apagar os dias de terror vividos em Luanda e noutras províncias.
Transformaram a dor num palco político.
Isso não é solidariedade. É oportunismo. É insulto a milhares que perderam o sustento, os seus bens e a paz dos seus bairros.
Quando morremos, todos viramos heróis. Mas quando vandalizamos, pilhamos e destruímos os bens públicos — e até os dos nossos próprios irmãos — dizem que temos fome?
Fome justifica tudo?
Ou será que muitos ainda não perceberam que estão a ser usados?
É preciso coragem para dizer a verdade:
Isto não é protesto. É vandalismo. É provocação. É jogo político.
E como toda acção, há sempre uma reacção.
Sim, lamentamos as mortes.
Mas não aceitamos que se manipule o luto para proteger marginais.
Por: C. Almeida
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